É muito comum para quem sofre desta doença tratar dos seus sintomas sem o devido aconselhamento médico, recorrendo à consulta médica apenas quando os sintomas se agravam3.
A nível de sintomas, tanto as hemorridas internas como as externas podem causar corrimento anal e prurido devido à dificuldade em realizar uma boa higiene3.
A abordagem terapêutica depende da gravidade dos sintomas. Nas hemorroidas de graus 1 e 2 são recomendadas medidas que incluem a alteração dos hábitos higiénico-dietéticos e do estilo de vida, de modo a combater a obstipação e a diminuir os sintomas locais1.
Ao mesmo tempo, recomenda-se, igualmente:2, 4, 5
Aumento da ingestão de fibras na dieta e líquidos orais; | |
Redução do consumo de gorduras; | |
Realização exercício físico regular; | |
Melhora da higiene anal e realização de banhos de assento; | |
Evitar o esforço na defecação e permanência muito tempo na sanita; | |
Evitar tomar medicamentos que causem obstipação ou diarreia. |
Para os doentes com hemorroidas de graus 1 e 2 consideram-se os tratamentos farmacológicos como a medida mais adequada. Os doentes com hemorroidas de graus 1 e 2 representam cerca de 90% dos casos.1
O tratamento médico deve ser iniciado com a terapêutica apropriada para amolecer as fezes, juntamente com terapêutica local para aliviar a inflamação e os sintomas3. Esta terapêutica baseia-se, essencialmente, em preparações tópicas que contêm anti-inflamatórios, incluindo esteróides, anestésicos, produtos adstringentes e anti-sépticos, isolados ou em associação.6
Existem inúmeras preparações tópicas sob a forma de pomadas, cremes e enemas para o tratamento sintomático das hemorroidas1. No entanto, os cremes que contêm esteróides não devem ser utilizados por períodos prolongados, devido aos seus efeitos atróficos, podendo causar ulceração da região perianal.3, 4
Vários estudos clínicos demonstraram a eficácia dos tratamentos tópicos na redução dos sintomas hemorroidais.
Por essa razão, o tratamento tópico é recomendado como primeira linha em diferentes doenças anais e perianais, incluindo as hemorroidas, sendo recomendada a sua utilização em orientações internacionais6.
Na presença de hemorroidas graves, em que o tratamento médico e instrumental não tenha alcançado os resultados, será necessário o recurso ao tratamento cirúrgico.3, 6
Os medicamentos anti-inflamatórios e pomadas para hemorroidas são úteis no tratamento para o alívio da dor e do desconforto, reduzindo as hemorroidas rapidamente.
Cremes como o Procto-Glyvenol® ajudam a diminuir a inflamação e a aliviar a dor em alguns minutos.
Aconselhe-se com o seu médico ou farmacêutico sobre qual o tratamento mais indicado para o seu caso.
Quando as hemorroidas são muito grandes ou surgem com frequência, o proctologista pode indicar um dos vários tratamentos médicos para hemorroidas, tanto cirúrgicos como não-cirúrgicos.
Só deve recorrer à cirurgia apenas em casos muito graves. Esta situação ocorre em 10 a 15% dos casos quando não se obtêm resultados dos tratamentos não-cirúrgicos em lesões no ânus, na presença de hemorragia, de prolapsos ou quando ocorrem tromboses de repetição.
Indicada particularmente para o tratamento de hemorroidas de grau 4. Neste procedimento, removem-se os pedículos hemorroidários, deixando três feridas operatórias que cicatrizam espontaneamente entre 6 a 8 semanas depois da cirurgia. É uma técnica aberta, ao contrário da Hemorroidectomia de Ferguson em que se procede ao encerramento da ferida no fim da cirurgia.
É geralmente conhecida como técnica de Longo e é indicada nos casos de hemorroidas de grau 3 em que o objectivo é reduzir o prolapso da mucosa retal. Esta técnica consiste em utilizar uma máquina circular com agrafos pequenos que coloca a sutura em círculo nas camadas mucosa e submucosa, deixando seco o excesso de tecido hemorroidário interno.
Utilizada geralmente para as hemorroidas de grau 2, 3 e 4. Mais conhecida por desarterialização hemorroidária transanal, é uma técnica feita sem cortes, ocorrendo a sutura dos vasos sanguíneos que fornecem sangue à hemorroida. A técnica de Longo ou PPH e a técnica por THD são praticamente indolores, podendo, no entanto, causar algum desconforto dentro do reto. A recuperação pós-operatória é rápida, pelo que os doentes regressam às suas rotinas e trabalho normalmente.
A esclerose hemorroidária e a laqueação elástica são dois tratamentos que procuram secar e eliminar as hemorroidas internas respetivamente sem o recurso à cirurgia.
Consiste na injeção de uma substância (agente esclerosante) na submucosa que recobre os plexos hemorroidários internos, reduzindo o seu tamanho. São necessárias várias sessões de tratamento, pois a sua eficácia pode levar semanas.
Consiste na aspiração dos plexos hemorroidários internos por um aparelho de laqueação. Em seguida, introduz-se um anel elástico na base da hemorroida de modo a produzir estrangulamento com formação de uma úlcera e cuja cicatrização permite a fixação de mucosa aos planos profundos. Quatro a cinco dias após o tratamento a hemorroida cai, sendo eliminada pelo ânus. São necessárias várias sessões de tratamento para que seja eficaz.
Adaptado de www.naturalthrone.com, acedido a 11 de Janeiro de 2018
Referências Bibliográficas
1. Alonso-Coello P, Marzo-Castillejo M, Mascort JJ, Hervás AJ, Viña LM, Ferrús JA, et al. Guía de práctica clínica sobre el manejo de las hemorroides y la fi sura anal (actualización 2007). GastroenterolHepatol. 2008 Dec;31(10):668-81.
2. Lohsiriwat V. Hemorrhoids: from basic pathophysiology to clinical management. World J Gastroenterol. 2012 May 7;18(17):2009-17.
3. Mounsey AL, Halladay J, Sadiq TS. Hemorrhoids. Am Fam Physician. 2011 Jul 15;84(2):204-10.
4. A cheson AG, Scholefi eld JH. Management of haemorrhoids. BMJ. 2008 Feb 16;336(7640):380-3.
5. Nisar PJ, Scholefi eld JH. Managing haemorrhoids. BMJ. 2003 Oct 11;327(7419):847-51.
6. Abramowitz L, Weyandt GH, Havlickova B, Matsuda Y, Didelot JM, Rothhaar A, et al. The diagnosis and management of haemorrhoidal disease from a global perspective. Aliment Pharmacol Ther. 2010 May;31 Suppl 1:1-58.
7. Jaques R. The pharmacological activity of tribenoside. Pharmacology. 1977;15(5):445-60.