O barómetro reflecte de forma objectiva o que se diz nos “mentideros”, nomeadamente sobre o único ponto que gostaria de comentar, o PRR.
Recordo que neste barómetro participam muitos empresários e gestores de inúmeras empresas que devem valer 20% do PIB Português, ou seja, a economia está muito nas mãos destes líderes.
Apenas 5% destes confiam no PRR como um plano estratégico eficiente para resposta à crise e quase 87% têm pouca ou moderada confiança no mesmo.
Estranho, quando se falam de tantos milhares de milhões para animar a economia Portuguesa, criar solidez estrutural económica e financeira, investimento público, atração de investimento directo estrangeiro, geração de emprego e retenção de talento nacional, melhoria da educação e saúde…
Talvez porque os empresários e gestores (bem ou mal) consideram o PRR algo que “nasceu torto”, mas também um “plano Marshall de investimento público”, com gestão pública (e ineficiente gestão como sabemos), com deficiente capacidade de execução pela administração pública, em que pouco fica para a economia privada.
E esta nem é a vontade dos decisores políticos económicos, como o Sr. Ministro da economia ou do seu Secretário de Estado da economia (Dr. João Neves), que querem apoiar e dinamizar a economia privada, inovadora e com valor acrescentado, que crie capacidade exportadora e dinamize o tecido empresarial.
Ambos sabem como aplicariam o PRR com resultados a curto, médio e longo prazo, muito positivos.
Mas infelizmente, parece-me que não têm autonomia nem a capacidade de influenciar totalmente um Governo que depende de uma esquerda mais extremista, que quer separar capital e trabalho (sem entender que uma sem a outra não funcionam), tornar toda a economia pública, acabar com os ricos (em lugar de acabar com os pobres) e intervir na economia como player privilegiado (em lugar de regulador e controlador das “regras do jogo” económico e financeiro, que deve ser ético, sério, legal e sustentável).
Talvez seja um problema de comunicação do Governo, mas seria bom que este entendesse o sentimento de quem cria valor, atrai IDE, gera emprego, paga impostos e empreende arriscando o seu capital (ou dos investidores, no caso de gestores), mas que depende de EBITDAS positivos e não se pode socorrer de dívidas públicas de 133.7% do PIB ou de défice negativos para gerir as organizações.
Portanto, Executive Digest, enviem o Barómetro aos decisores Políticos, para que estes façam um roadshow do mesmo e justifiquem as suas escolhas.
Testemunho publicado na edição de Junho (nº. 183) da Executive Digest, no âmbito da XVIII edição do seu Barómetro.
Fonte: Executive Digest