JABA RECORDATI S.A. - Portugal

A maioria dos empresários ouvidos neste barómetro acredita que resiliência será a palavra determinante ao longo deste ano

Nelson Pires

General Manager | Jaba Recordati

Economia é confiança e os dados mostram pouca confiança. Vejo de forma inacreditável que ainda existem decisores políticos, que acreditam que economia e sociedade funcionavam sem empresas privadas e lucrativas, sem empreendedorismo, sem liberalismo económico regulado e controlado.

Nelson Pires | Como está a resiliência?

O desejo de tornar a economia pública e controlável é uma das grandes aspirações de muitos políticos portugueses. Mas esse modelo já falhou redondamente no passado, embora com o programa da "bazuca" vemos que há pessoas que não aprendem e que muitos dos recursos serão implementados em projectos públicos, no lugar de criar empresas privadas à fortes, sustentáveis, que paguem impostos, empreguem pessoas bem remuneradas, obtenham lucros, criem inovação para atrair investimento directo estrangeiro e consigam ter dimensão.

Confirma-se no barómetro, que apesar da "bazuca", os empresários acreditam que a normalidade apenas voltará daqui a um ou dois anos. Ao contrário dos EUA que prevê crescer mais que a China em 2021(+6,5%).

Que têm muito receio da consequência das medidas adoptadas durante a pandemia (layoff e moratórias), apesar de como eu, entender que foram úteis, mas que só adiaram os problemas.

O Estado despesista e despreocupado com o défice e a dívida pública faz sentido durante a pandemia, mas não faz depois. Até porque, entendem os empresários, a Administração Pública portuguesa (não os políticos) têm pouca capacidade de implementar os programas criados pela "bazuca" para dinamizar as empresas e (acrescento eu) a imprevisibilidade das medidas laborais e fiscais do Estado português, a chamada teoria do iceberg

Os investidores alocam os recursos de acordo com as expectativas esperadas de risco e POI. Em Portugal, nunca sabemos o que vai acontecer ou ser decidido que possa prejudicar os investimentos privados, como por exemplo agora ser pretendido pelos partidos políticos, que as empresas subsidiem todos os custos do trabalho remoto a que foram obrigadas pelo Estado devido á pandemia (água, electricidade, internet - apesar da maioria ter wifi, etc.) mas sem descontar os custos de transporte que os trabalhadores deixaram de ter, a redução nos custos de alimentação (almoçar em casa não custará o mesmo que almoçar fora), entre outros. Mas isso são "contas de outro rosário"...


Fonte: Executive Digest