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O que são lesões músculo-esqueléticas (ME)?

São lesões que afetam os músculos, ossos, ligamentos, meniscos, cápsulas articulares e outras, esqueleto axial, coluna vertebral e os membros superiores e inferiores.

Secundariamente a estas poderá haver lesão dos nervos e vasos sanguíneos que atravessam a área ME envolvida.

Por exemplo, o aparentemente simples traumatismo de uma perna, na sequência de um hematoma em desenvolvimento poderá causar compressão dos nervos e artérias da perna, causar a síndrome do compartimento naquela perna fazendo-a perigar e com indicação cirúrgica imediata.

Este exemplo, significa que é preciso estar atento às complicações que da lesão ME podem resultar e não valorizar apenas a lesão ME propriamente dita.

É muito importante conhecer a causa e o mecanismo da lesão.

Tanto pode ocorrer num contexto de trauma agudo, de acidente desportivo ou de trabalho ou desenvolver-se ao longo do tempo – semanas ou meses –,  dando origem a uma eventual lesão de sobrecarga crónica.

Enquanto na fratura do osso ou na rotura muscular ocorrem de forma aguda, ou seja, quando existe um evento com relação direta (pontapé, acidente de viação, sprint, queda de objeto sobre a zona lesionada, etc.), a tendinite desenvolve-se ao longo do tempo e quando acontece importa perceber se a causa para esta lesão crónica resulta do gesto repetitivo no trabalho, alteração na estrutura no pé ou na perna ou existe treino em excesso.

A primeira condição pertence ao grupo do acidente podendo mesmo ser rotulada de doença profissional.

Contudo, às vezes é difícil distinguir, pois a muito frequente e conhecida lombalgia (dor na região lombar é um sintoma e não um diagnóstico) ocorre de modo súbito (acidente), mas habitualmente num contexto de doença profissional, pois existem alterações ME na coluna que acabam por favorecer a crise de lumbago.

As lesões ME caraterizam-se por dor, cuja intensidade vai condicionar uma eventual incapacidade motora, desportiva, profissional ou lazer, mas em que o perfil psicológico do lesionado exerce uma grande influência.

Duas pessoas com a mesma lesão e intensidade de dor indicarão incapacidades diferentes, variáveis de acordo com a estrutura psicológica, o contexto social ou a obtenção de eventuais benefícios financeiros, entre outros.

Igualmente a tumefação (o inchaço), os formigueiros, a equimose (o pisado), a vermelhidão ou o simples desconforto podem ser sinalizadores de lesão ME.

As consequências decorrentes da lesão ME, e se causadoras de incapacidade, são no imediato o sofrimento, o constrangimento psicológico, a ausência de participação desportiva, laboral ou social, a perda de rendimento financeiro, a exclusão do ambiente habitual, naturalmente variável de acordo com a dimensão e consequência da lesão.

Poderão deixar “marcas” (sequelas) de curta duração mas também de longa duração, parcialmente compensadas pela atribuição de uma incapacidade parcial permanente, sendo o lesionado ressarcido de algum modo financeiramente.

Enquanto na atividade desportiva a lesão muscular é aquela que ocorre com mais frequência, no mundo laboral são as entorses do tornozelo, as lombalgias, as contusões diretas e as feridas as que mais acontecem.

As fraturas, entorses do joelho e as lesões na coluna vertebral são infelizmente frequentes e com efeitos devastadores em determinadas situações.

As lesões musculares, as mialgias, ocorrem após a prática de exercício físico, especialmente se inabitual ou exagerado, e perduram alguns dias, sendo o repouso a técnica de tratamento mais eficaz.

Contudo, se resultam de uma rotura muscular, a dor e a incapacidade funcional são maiores e o período de recuperação poderá demorar semanas.

No imediato deve comprimir-se o local da lesão, não esfregar pomadas e respeitar o repouso relativo (“fazer o que não dói”). 

Uma dor muscular muito frequente, de caráter crónico, ocorre ao nível do pescoço, na sua região posterior, acima das omoplatas.

Diz-se que os músculos trapézios estão tensos, dolorosos e que limitam os movimentos cervicais.

São causadas por más posturas durante o lazer ou profissionais, mas também podem ser decorrentes de patologia cervical.

Neste caso, estas dores são uma consequência de algo que está mal naquela coluna cervical, que deve ser investigada e tratada enquanto se vai aplicando calor e um emplastro local.

O mesmo se poderá dizer para a coluna lombar, para as “dores de costas”, onde o mal está na estrutura esquelética, mas as dores refletem-se nos músculos paravertebrais lombares que muitas vezes estão contraturados e são bloqueadores dos movimentos. 

Em conclusão, a lesão ME ocorre num contexto micro(crónica) ou macrotraumático (agudo), em que a dor causa sofrimento ou mal estar e a incapacidade determinará a funcionalidade.

Exigem um diagnóstico preciso, algum repouso e tratamento medicamentoso e por vezes fisiátrico. Contudo, a prevenção é ainda o método mais económico e eficaz, pelo que não deve ser negligenciada.


Texto escrito por Dr. Basil Ribeiro, especialista em Medicina Desportiva.