A atitude de pais e cuidadores deverá ser de serenidade confortando o bebé ou criança de modo a que se sinta segura e confortável.
Deve-se evitar outras mudanças na rotina como mudar de cama /quarto, introdução de novos alimentos, etc. Até porque podem influenciar mudanças de comportamento ou sintomas que poderão ser confundidos com sintomas de erupção dentária.
Os profissionais de saúde devem tranquilizar os pais de forma a que encarem a erupção dentária como uma fase passageira e natural inerente ao processo de crescimento e desenvolvimento. No entanto é fundamental os pais saberem quando se devem dirigir ao médico para descartar a ocorrência de outras doenças que podem ser negligenciadas neste período quanto ao diagnóstico e tratamento. A dor e desconforto descrito pelos pais/cuidadores não deve ser minimizada e deverá ser sempre levada em consideração.
O profissional deverá:
Se este período for bem compreendido e estudado pelo profissional haverá mais firmeza nos procedimentos prescritos, mais tranquilidade dos pais, menos sofrimento para a criança proporcionando um cuidado à sua saúde de forma adequada, esclarecedora e baseada em evidências cientificas.2
O principal objectivo é minimizar os sintomas e tornar esta fase o mais agradável possível.
A dor é considerada pela OMS o 5º sinal vital e é definida por “uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão tecidual real, potencial ou descrita nos termos dessa lesão”.11
Bebé com dor e desconforto devido à erupção dentária
A dor tem sido descrita como uma experiência individual subjectiva e multidimensional e nesse contexto, a dor dos indivíduos que não podem exprimi-la por meio de palavras torna-se um fenómeno à parte.11 Em crianças pequenas e bebés só se pode inferir através do comportamento que deverá ser avaliado cuidadosamente e bem interpretado pelos cuidadores.
Uma série de parâmetros físicos e comportamentais modifica-se no recém-nascido diante de um estímulo doloroso, desde a frequência cardíaca e respiratória, a saturação de oxigênio, a pressão arterial e concentrações hormonais, até o movimento corporal, a mímica facial e o choro, entre outros.11 O entendimento de tais sinais pelo adulto depende do seu conhecimento a respeito da dor nessa faixa etária, da sua sensibilidade e da sua atenção para a percepção desses sinais.
Segundo o Dr. Berry Brazelton o choro de dor expressa-se como um grito agudo seguido por um breve descanso em que o bebé deixa de respirar (apneia), seguido de vários gritos angustiados e um outro grito lancinante. Um choro de dor continua mesmo depois de se pegar na criança.
O choro de desconforto é uma forma mais suave de choro de dor que pára quando se pega no bebé ou se dá algum tipo de atenção.
De forma a empenhar medidas para o alívio da dor, proporcionando conforto e bem-estar ao sujeito é necessário explorar indicativos de desconforto e utilizar instrumentos para quantificar algo tão subjectivo como a dor.
As escalas de dor são ferramentas que visam a mensuração e avaliação da dor. Para que se possa determinar a qualidade da terapêutica e analgesia. Em bebés e crianças em fase pré-verbal estas ferramentas adquirem uma importância e um desafio maior.
A Escala de Avaliação de Dor no Recém-Nascido é composta por cinco parâmetros comportamentais e um indicador fisiológico:
NIPS | Pontos | 1 ponto | 2 pontos |
Expressão Facial | Relaxada | Contraída | - |
Choro | Ausente | "Resmungos" | Vigoroso |
Respiração | Relaxada | Diferente do basal | - |
Braços | Relaxados | Flexão ou Extensão | - |
Pernas | Relaxadas | Flexão ou Extensão | - |
Estado de Alerta | Dormindo ou Calmo | Desconfortável | - |
Difine-se dor quando a pontuação é ≥ 4.
Escala de avaliação da dor NIPS11
A escala Indicadores Comportamentais da Dor no Lactente é uma modificação recente do Sistema de Codificação Facial do Recém-Nascido (NFCS) que inclui o estado de alerta do recém-nascido e a movimentação das mãos, tornando a avaliação comportamental mais específica e inserida na interação entre paciente e ambiente.
BIIP | Pontos | Definição | |
Estado de sono/vigilância | |||
Sono profundo | 0 | Olhos fechados, respiração regular, ausência de movimentos das extremidades | |
Sono ativo | 0 | Olhos fechados, contração muscular ou espasmos/abalos, movimento rápido dos olhos, respiração irregular | |
Sonolento | 0 | Olhos fechados ou abertos (porém com olhar vago, sem foco), respiração irregular e alguns movimentos corporais | |
Acordado/ativo | 1 | Olhos abertos e focados, movimentos corporais raros ou ausentes | |
Agitado/chorando | 2 | Agitado, inquieto, alerta, chorando | |
Face e mãos | |||
Fronte saliente | 1 | Abalamento e presença de sulcos acima e entre as sobrancelhas | |
Olhos esprimidos | 1 | Compressão total ou parcial da fenda palpebral | |
Sulco nasolabial aprofundado | 1 | Aprofundamento do sulco que se inicia em volta das narinas e se dirige à boca | |
Estiramento horizontal da boca | 1 | Abertura horizontal da boca acompanhada de estiramento das comissuras labiais | |
Língua tensa | 1 | Língua esticada e com as bordas tensas | |
Mão espalmada | 1 | Abertura das mãos com os dedos estendidos e separados | |
Mão fechada | 1 | Dedos fletidos e fechados fortemente sobre a palma das mãos formando um punho cerrado/mão fechada |
Considera-se dor quando a pontuação é > 5
Escala de avaliação da dor BIIP11
A dificuldade em qualquer das ferramentas que são reportadas por terceiros é diferenciar entre dor e agitação e/ou desconforto. No entanto as intervenções não farmacológicas poderão ajudar nessa diferenciação.8
As medidas não farmacológicas são geralmente intervenções de carácter psicológico, descritas como eficazes em situação de dor ligeira, procedimentos dolorosos ou como complemento dos analgésicos.
As estratégias não farmacológicas que podem ser utilizadas na dor leve a moderada da erupção dentária são: 10
É uma técnica que direcciona a atenção para situações não relacionadas com a dor.
Os bebés distraem-se facilmente com linguagem «teatral» ou mostrando alguma coisa que desperte o seu interesse, como um brinquedo que chia ou algo brilhante e com movimento.
O riso é uma forma de desviar a atenção dos estímulos (potencialmente) dolorosos.
Estimula a produção de endorfinas e diminui a intensidade dos fenómenos dolorosos e a receptividade do organismo à dor. O riso facilita o relaxamento dos músculos respiratórios, provocando uma respiração do tipo diafragmático. Um minuto de riso equivale a 45 minutos de relaxamento.10
Executar técnicas de distração
Os objectos distrativos a apresentar devem estimular a exploração e devem proporcionar sensações de movimento, auditivas, visuais e tácteis como:
Existe no mercado uma diversidade de dispositivos que poderão ajudar a ultrapassar esta fase.
A sucção não nutritiva, nomeadamente com o uso da chupeta está descrita como inibidora da hiperatividade e modula o desconforto do bebé. A analgesia promovida pela chucha parece ocorrer apenas durante os movimentos ritmados de sucção, podendo haver um fenómeno de dor aquando da sua interrupção. Nalguns casos o acto de chuchar pode apresentar-se doloroso, porque pressiona as gengivas, e o bebé recusa a chucha. Ter atenção à deterioração da chucha e substitui-la, principalmente se o bebé a utilizar para morder. Nesse caso será melhor substituir por um mordedor.
Estes produtos são preferíveis a qualquer outro objecto que os pais possam dar ao bebé para ele morder pois foram especialmente desenhados para a função de massagem gengival além de servirem de brinquedo de distração. Existe imensa variedade no mercado e os pais só deverão adquirir os homologados. São feitos de material não tóxico, macio mas robusto contra mordeduras sem haver o perigo de se soltar peças pequenas possíveis de engolir e são de fácil lavagem e esterilização. Normalmente dispõem de saliências que auxiliam na massagem mas sem danificar a gengiva.
Mordedores frios são benéficos uma vez que promovem a atenuação da dor. Atenção que não se devem colocar estes dispositivos no congelador sob pena de estes causarem queimaduras nas gengivas. Estes dispositivos também devem ser evitados quando irromperem os primeiros dentes pois o bebé pode rasgá-los com os dentes e derramar o liquido que está no seu interior. Actualmente já existem mordedores bastante resistentes e poderão ser usados num bebé com dentes.
Esta abordagem caseira funciona bem se se tiver algumas considerações de segurança:
No caso dos cuidadores não terem consigo nenhum dos objectos acima indicados pode-se sempre usar os dedos ou o queixo para permitir a massagem gengival em segurança. Ter atenção de lavar os dedos ou a zona do queixo antes para retirar algum resíduo de creme ou sujidade. Esta solução é mais indicada antes do rompimento do primeiro dente sob pena de ferimento por mordida. A massagem com os dedos também pode ser auxiliada por uma dedeira de silicone com saliências que além da massagem promove a limpeza das gengivas e dentes decíduos.
Estes dispositivos permitem aos cuidadores colocarem alimentos moles de preferência frios, como a banana, dentro da rede de forma a evitar que o bebé se engasguecom o alimento. Os alimentos devem apresentar-se frios, mas nunca congelados, sob pena de queimar e ferir a mucosa oral.
Objectos duros e cortantes (por exemplo: Chaves) sob pena de ferir e infectar as gengivas;
Objectos pequenos passiveis de ser engolidos acidentalmente (ex. Moedas);
Objectos que molhados ou sob fricção e pressão se possam desfazer, libertar lascas, tinta ou pequenas partículas que poderão ser tóxicas e perigosas de engolir. (objectos de cartão, madeira, couro, etc.).
Quando a dor não é aliviada com a utilização dos métodos acima indicados poderá ser necessário o uso de analgésicos como o paracetamol e ibuprofeno ou anestésicos tópicos ou mesmo uma combinação dessas duas terapias visto que são seguras e eficientes no alivio da dor.1
O paracetamol tem propriedades antipiréticas, baixando a febre, e analgésicas aliviando a dor. O ibuprofeno, além das propriedades analgésicas e antipiréticas também é anti-inflamatório.
Antes de iniciar um tratamento com algumas destas substâncias referidas, deverá consultar o médico ou farmacêutico.
Estes produtos estão especialmente indicados para os sintomas locais, mas se eficazes poderão evitar perturbações gerais tais como irritabilidade e sono agitado pois debelam as causas primárias.
Características ideais para um produto tópico:
Eficácia: proporcione alivio rápido dos vários sintomas associados à erupção e que seja sustentado no tempo (efeito duradouro);
Segurança: que a sua composição (princípios activos ou excipientes) sejam inócuos para o bebé e criança. Que não contenha álcool, nem açucares cariogénicos. Sem benzocaína e outros anestésicos locais e sem produtos potencialmente alergénicos;
Boa aceitabilidade: sabor, cheiro e textura agradável, que não provoque ardor;
Aplicação prática e higiénica por parte dos cuidadores;
Evitem contaminação da cavidade oral;
Impossibilita o crescimento da placa bacteriana, promovendo higiene dentária;
Promovam a cicatrização da mucosa.
AloBaby® Primeiros Dentes é um gel que possui componentes de origem natural e que protege a gengiva do desconforto e dor causados pela erupção dos primeiros dentes do bebé/criança.
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Referências Bibliográficas
1. Paula e Silva,F W. Garcia de et al. Erupção dental: sintomatologia e tratamento. Pediatria (São Paulo) 2008;30(4):243-248. Disponivel em: pediatriasaopaulo.usp.br
2. Mota-Costa R, Medeiros-Júnior A, Aciolly-Júnior H, Araújo-Souza GC, Clara-Costa Ido C. Mothers’ perception of dental eruption syndrome and its clinical manifestation during childhood. Rev Salud Publica (Bogota) 2010;12:82-92. Disponivel em: www.scielosp.org
8. Neonatal Infant Pain Scale (NIPS) disponível em: www.cincinnatichildrens.org
10. ORDEM DOS ENFERMEIROS 2013, Série 1 - Número 6. Guia Orientador de Boa Prática - Estratégias não farmacológicas no controlo da dor na criança. Trabalho desenvolvido por iniciativa da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica (MCEESIP) da Ordem dos Enfermeiros ISBN: 978-989-8444-23-3. Disponivel em: www.ordemenfermeiros.pt
11. Guinsburg, Ruth. A LINGUAGEM DA DOR NO RECÉM-NASCIDO - Documento Científico do Departamento de Neonatologia. Sociedade Brasileira de Pediatria. Universidade Federal de São Paulo. Disponível em: www.sbp.com.br